Sinais
Post date: Jun 29, 2010 10:45:41 PM
Pão e circo.
O circo já lá vai, o pão a ver vamos…
Em tempos remotos o império romano criou a política de alimentar e divertir o entorpecido povo Romano, que ficou marcada no tempo como o estratagema político do “ Pão e circo”. Pão e Circo foi a táctica usada para impedir o agravamento da situação de descontentamento que se vivia nessa época, a crise era generalizada a imagem da que se vive actualmente, corrupção dentro do governo e gastos com luxo eram habitués, o que enfraqueceu o exército e o poder romano. Os políticos desses tempos receosos de que se pudesse suceder alguma revolta popular, decidiram em conclave que o ideal era abstrair o povo da realidade. Os políticos de então, cogitaram que a solução para motivar e acalmar as insatisfações de seus súbitos fosse proporcioná-los, no Coliseu (leia-se: auditórios, comícios e afins…) com o circo, e com o pão para saciar devidamente o corpo. Que fique desde de já bem claro aos políticos e demais, que possam estar a ler este post que esta fórmula não funcionou. O Império Romano ruiu!!!!...
A partir do instante em que o poder se encontra esgotado ao extrair tudo o que podia da natureza envolvente, é altura do sistema político eliminar o seu maior inimigo, ou seja, o próprio individuo. Qualquer ser que pense em penetrar para este submundo, deve saber que deve sempre ficar do lado do seu próprio inimigo, a política irá incumbir-se de destruir a sua alma para que dali não tenha mais imputação sobre os seus actos. O político destes dias é um braço ao serviço do polvo político, a política é um jogo sujo de traições, ilusão, destituído de qualquer dignidade que apenas e somente a alma e o espírito podem fornecer. Quando o circo atinge este patamar de subversão do sistema o perigo de desordem ameaça com os meios extremos de força e de cadeia de comando, fazendo lembrar tempos horripilantes doutros sistemas passados. Permitam-me citar um velho adágio chinês que diz o seguinte ”… É a água que sustenta o barco, mas é essa mesma água que vira o barco…”, ou seja, os políticos viciaram o sistema do povo, compete a esses mesmos políticos lavarem a mente e o corpo e arrumarem a casa, a ética enquanto valor aglutinador surge do indivíduo para a sociedade e nunca ao contrário, a sociedade não nos pode impor valores compete ao indivíduo impô-los à sociedade.
“Pão e circo” são a subversão do sistema democrático que já desmoronou em outros tempos.
Este texto ocorreu-me quando há dias me pus a pensar numa nova competência criada localmente para as autarquias locais que é a de se constituírem como agências de viagens. De repente, a História voltou a dar-me a esperança de que alguma coisa vai mudar. Não é verdade que foi nas Astúrias que o Rei Pelágio iniciou a Reconquista Cristã da Península Ibérica quando em 722 derrotou os Muçulmanos na Batalha de Covadonga e criou o Reino das Astúrias?
Tenho esperança que a Virgen de La Cueva, abençoe e inspire os viajantes sardoalenses e, em especial, o guia turístico supremo que os acompanha, restituindo-lhe o bom senso que parece faltar para vencer a dificuldades dos tempos difíceis que atravessamos.!,,,
Trova do Vento que Passa»
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Este poema de Manuel Alegre, que admiro como poeta e de quem não partilho as ideias políticas, nem apoio a sua candidatura presidencial, simboliza a esperança pela Liberdade e foi cantado por Adriano Correia de Oliveira. O cantor era um amigo do poeta e companheiro das lutas estudantis em Coimbra.
Anos antes, o convívio entre os dois possibilitou a criação de um poema-cantiga que ficou na história da resistência à Ditadura. Conta-se que numa noite, em plena Praça da República, em Coimbra, Manuel Alegre exprimia a sua revolta: «Mesmo na noite mais triste/ Em tempo de servidão/ Há sempre alguém que resiste/ Há sempre alguém que diz não».
Há dias lembrei-me desta «Trova do Vento que passa quando procurava nos jornais regionais e nacionais notícias sobre o concelho de Sardoal, sem sucesso. As últimas notícias que encontrei referiam-se à saída da FEB (Canarinhos) para o concelho de Almeirim. Semanas atrás tinha encontrado notícias sobre as sucessivas avarias dos semáforos nos cruzamentos da Variante à EN2, que continuam a verificar-se, de nada valendo os apelos que o Presidente da Câmara às entidades responsáveis.
Não será tempo do Presidente da Câmara, quando tiver uma folga nas suas funções de guia turístico, pedir uma audiência ao Ministro ou ao Secretário de Estado das Obras Públicas, para exigir uma solução urgente para o problema e lhe imputar, olhos nos olhos, a responsabilidade pelos acidentes que ali possam ocorrer em resultado das citadas avarias?
Entretanto continuarei a procurar nos jornais notícias sobre obras, eventos culturais e projectos de desenvolvimento que ocorram na minha terra.
VILA-JARDIM DO RIBATEJO?
JORNAL DE ABRANTES
11 de Junho de 1939
Sardoal
Dr. Gustavo de Matos Sequeira, que, como noticiámos, esteve há dias entre nós em missão de organizar o inventário artístico nacional na área da província do Ribatejo, visitou o Sardoal, dessa visita colheu o ilustre arqueólogo a boa impressão que lhe surgiu a interessante crónica que, com a devida vénia, transcrevemos do jornal “SÉCULO”, do dia 5 do corrente.
Ao fazermos esta transcrição queremos consignar o prazer que sentimos com tão agradável referência á florescente vila nossa vizinha.
É que no Sardoal aqui temos dito e nunca é demais repetir, é das terras mais progressivas do distrito de Santarém, onde a ideia nacionalista foi posta ao serviço da grei com o mais elevado sentido patriótico, sem atropelos, perseguições nem vexames e onde impera apenas o espírito de bem servir com honestidade e lealdade.
O Custo da Vida
Quis o acaso que nos deparasse em comprida viagem, agora começada por terras estremenhas, uma novidade e uma surpresa que não devem passar sem comentário de “Louvor”.
Essa novidade essa surpresa deu-no-la o Sardoal, vila ridente e acolhedora fresca e cheirosa como um ramalhete de goivos, aninhada entre formaturas de oliveiras e maciços pinhais, num cômoro que lhe serve de alegrete.
Raras vezes se topa povoado tão limpo e tão composto, tão risonho e tão atraente por terrenos arredios fora de grandes vias de ligações.
O Sardoal é um sorriso, porém, apesar de sobrecarregado de paisagem envolvente.
Casas exemplarmente caiadas, beirais vermelhos, tudo pintado, alinhados, concertado e maravilha de cor e de graça, flores por toda a parte, dos poiais bordando as ruazinhas em canteiros, dos muros, dos quintais, das grades das sacadas, das varandas e dos terraços, podendo os peitoris das janelas, nas soleiras das portas, em alpendres, trepando, rastejando, espreitando, aqui debruçando, além fazendo negaças, sardinheiras, rosas, malvas, anémonas, maravilhas, malmequeres, surgem numa pirotécnica estranha.
As casas do Sardoal desentranham-se em flores... Há um jardim em cada janela, um alegrete em cada recanto... Velhos e modernos azulejos ajudam a compor os cenários floridos, a enquadrar as fontes, a arruinar as fachadas.
Ama-se verdadeiramente a flor nesta vilazinha estremenha. Ricos, pobres e remediados lutam á compita no ornamentar das casas... e porquê?... esta batalha de flores?...vão ver como é simples a causa, como é altamente civilizadora a razão ordinária do prélio florido que enriquece uma povoação e a faz diferente de todas as outras e mais belas que todas mais.
É que a Câmara do Sardoal resolveu há tempo constituir uma série de prémios e em vez de esmolas que podem humilhar, dá brindes a quem ornamentar melhor as janelas e quem mais opulentamente as souber florir.
Toda a pobreza concorre e, para a estimular, os remediados e os abastados acompanham-na.
Todos anos, quinhentos escudos são destinados para prémios, e por tão escassa quantia os edis do Sardoal conseguem enriquecer, civilizar e tornar simplesmente bela a simpática vila.
Honra e louvor á Câmara do Sardoal... Pois não será interessante que as cidades ( e porque não Lisboa) aprendessem neste exemplo... Aqui fica a ideia.
Deitem-na fora se não gostarem, mas o que lhe afirmamos é que jamais vimos conseguindo tanto com tão pouco dinheiro.
Matos Sequeira
Lembrei-me deste artigo quando, há poucos dias, percorria algumas das chamadas «Ruas Velhas» do Centro Histórico da Vila de Sardoal, cujo estado de abandono é lastimoso, especialmente pela quantidade de erva que por ali prolifera.
Tanto quanto sei foi por esta altura que a Vila de Sardoal começou a usar o título de «VILA JARDIM DO RIBATEJO», que durante mais de setenta anos ostentou com orgulho.
Que diria o Dr. Gustavo de Matos Sequeira se cá voltasse hoje?
Muitas das flores estão secas ou definham com sede e o exemplo máximo do estado de abandono a que se chegou é dado pelo edifício dos Paços do Concelho que carece, há muito de uma pintura geral (interior e exterior).
Estou convencido que os Sardoalenses não se zangarão se este ano não se realizar a habitual «Campanha da Cal», se as verbas que lhe estão destinadas forem aplicadas na pintura dos Paços do Concelho, apesar de existirem outros edifícios municipais a precisar de intervenções urgentes.
O edifício do antigo Externato Rainha Santa Isabel é um exemplo e se não lhe acudirem não sei se sobreviverá a mais um inverno!...