Respeito pelos Ex-Combatentes

Post date: Jun 16, 2010 6:29:53 PM

Ouvi com muita atenção e com alguma comoção a excelente intervenção que o Dr. António Barreto proferiu em Faro, na Sessão Solene comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, no passado dia 10 de Junho, também pelo facto de eu ser um ex-combatente.

Porque não quero ser juiz em causa própria, transcrevo aqui um texto publicado no semanário Expresso, de 12 de Junho, que, para mim, sintetiza, em poucas palavras o meu pensamento sobre este assunto:

«I. Portugal prestou, finalmente, homenagem aos nossos homens que combateram nas guerras africanas. E António Barreto disse tudo sobre este assunto: Portugal tem de ter maturidade democrática para respeitar aqueles ex-soldados, que deram tudo pelo seu país . Ou seja, Barreto deixou uma mensagem clara, e que é rara na cultura política portuguesa: o país está antes dos regimes. Os regimes vão e vêm, mas o país fica. Sim, o regime salazarista era autoritário e estava fora do tempo. Sim, aquela guerra foi uma idiotice política. Mas estas análises políticas não podem pôr em causa a dignidade dos portugueses que lá combateram.

II. Os nossos ex-soldados incomodam muita gente. É natural. Incomodam uma esquerda que fez uma descolonização desastrosa. Incomodam uma direita que defendeu a ideia do Portugal pluricontinental. E, depois, fazem relembrar o assunto dos retornados, que continua a ser um tema tabu em Portugal. Sim, são incómodos, mas estes homens não podem ser desprezados. Estes homens merecem a nossa consideração. E não, não estou a falar de subsídios. Estou a falar da moeda mais forte: o respeito.

III. Sobre este assunto, convém ver o filme "20.13", e convém ler o livro "As guerras coloniais portuguesas e a invenção da História" (ICS), de Luís Quintais . Se a minha memória não me falha, este livro foi o primeiro contacto académico com o mundo dos ex-combatentes.»

Henrique Raposo (www.expresso.pt)

É muito difícil, quiçá impossível, saber quantos Sardoalenses combateram nas Guerras do Ultramar. A verdade é que da maioria dos mancebos incorporados nos 14 anos que durou a guerra em África, foram poucos os que não foram mobilizados.

Seis Sardoalenses perderam a vida em Angola (2), Guiné (2) e Moçambique (2).

Conheci, pessoalmente, três desses malogrados Combatentes, tendo sido colega na Escola Primária do António do Carmo Lobato.

Com a minha sentida homenagem, publico aqui os seus nomes:

Mortos na Guerra do Ultramar naturais do Concelho de Sardoal

    1. ANACLETO PIRES, natural de Presa - Alcaravela, Furriel Miliciano de Infantaria, morto em combate em Angola, em 12 de Maio de 1965. Foi sepultado no cemitério de Santa Clara – Alcaravela.
    2. ANTÓNIO DO CARMO LOBATO, natural de Palhota – Sardoal, 1.º Cabo Atirador de Infantaria, morto em combate em Moçambique, em 1 de Dezembro de 1972. Desconheço onde se encontra sepultado.
    3. CELESTINO BENTO, natural de Saramaga – Alcaravela, Soldado de Cavalaria, morreu em Angola, em 29 de Dezembro de 1972, vítima de doença. Desconheço onde se encontra sepultado.
    4. DAVID DUQUE CHAVES, natural de Pisão Cimeiro – Alcaravela, Soldado da 18.ª Companhia de Comandos, morto em combate em Moçambique, em 29 de Outubro de 1968. Desconheço onde se encontra sepultado.
    5. JOÃO LUÍS DUQUE LOPES, natural de Santiago de Montalegre, 1.º Cabo Sapador, morto em combate na Guiné, em 7 de Novembro de 1972. Foi sepultado no Cemitério de Santiago de Montalegre.
    6. JOSÉ LOURENÇO DA SILVA, natural de Valhascos, Furriel Miliciano Sapador, morto em combate na Guiné, em 18 de Novembro de 1964. Está sepultado no cemitério do Catió, na Guiné.

Mortos na I Guerra Mundial (Grande Guerra – 1914-1918), naturais do Concelho de Sardoal

1. ALEXANDRE ARRAIS, natural de Sardoal, Soldado de Infantaria 22, morreu em França.

2. ANTÓNIO ALVES BAPTISTA, natural de Entrevinhas, Soldado de Infantaria 22, morreu em França.

3. ANTÓNIO FERNANDES, natural de Alcaravela, Soldado de Infantaria 22, morreu em França.

4. ANTÓNIO PIRES, natural de Santiago de Montalegre, 2.º sargento de Cavalaria 1, morreu em África.

5. AUGUSTO PIRES, natural de Santiago de Montalegre, 2.º sargento de Infantaria 15, morreu em França.

6. FRANCISCO DIOGO, natural de Sardoal, Soldado de Infantaria 22, morreu em França.

7. JOÃO LOPES. Natural de Sardoal, Soldado de Infantaria 22, morreu em França.

8. JOSÉ A. SILVA ROSA, natural de Sardoal, 1.º Cabo de Infantaria 22, morreu em França.

9. MANUEL LOBATO, natural de Santiago de Montalegre, Soldado de Infantaria 22, morreu em França.

10. MANUEL DE OLIVEIRA, natural de Sardoal, Soldado da Escola Prática de Cavalaria, morreu em França.

11. MÁXIMO L. ANDRADE, natural de Sardoal, 1.º Cabo da Companhia de Saúde, morreu em França.

12. VENÂNCIO ESTEVES, natural de Venda Nova, Soldado de Infantaria 22, morreu em França.

NOTA. Foram pelo menos 121 os Sardoalenses que combateram em França (108) e em África (13). Ainda conheci alguns deles, de quem ouvi histórias muito interessantes da sua participação na Grande Guerra (I Guerra Mundial). Conto publicar, brevemente, a listagem completa desses combatentes.