Cónego Dr. João Henriques de Sequeira Mora

Cónego Dr. João Henriques de Sequeira Mora nasceu a 29 de Junho de 1859, na freguesia de São Tiago e São Mateus do Sardoal, então diocese de Castelo Branco.

Entrou para o Seminário de Santarém, em 1872, frequentando-o até Junho de 1880. Em 1881 é ordenado sacerdote por D.António José de Freitas Honorato encardinado na sua diocese de origem - Castelo Branco, entretanto extinta.

Faz serviço como Capelão do Hospital do Sardoal, seguindo os estudos em Coimbra, em cuja Universidade se licenciou em Teologia e Direito. Nesta cidade foi Capelão Chantre da Capela da Universidade.Depois concorre para Professor no Seminário de Lamego, onde lecciona Teologia Dogmática e Direito Canónico. Em 1891 é incardinado no Patriarcado de Lisboa. No Seminário de Santarém lecciona Teologia e Liturgia, mas em 1892 é nomeado Desembargador da Relação Patriarcal e para a Secção Pontifícia, desde 1904. Foi nomeado Cónego da Sé de Lisboa em 2 de Novembro de 1901 e Dignidade (Mestre-Escola) em 1909. Em 1905 fora nomeado Examinador Pro-Sinodal. Em 1917, é Procurador Fiscal das Justiças do Patriarcado, tendo ainda sido Prior da Sé de Lisboa, dede 1920 a 1924.

Faleceu no dia 25 de Fevereiro de 1942, na freguesia de São Tiago da cidade de Lisboa, depois de recebidos, com edificação, os Sacramentos e visitado pelo Cardeal Patriarca.

ALGUMAS NOTÍCIAS SOBRE A SUA MORTE:

Jornal “NOVIDADES” - 26 de Fevereiro de 1942

CÓNEGO SEQUEIRA MORA

Faleceu ontem este ilustre Sacerdote

Às primeiras horas da manhã de ontem, faleceu na sua residência, Rua do Limoeiro, 32 - 2º, o rev. Dr. João Henriques Sequeira Mora, Cónego da Sé de Lisboa e pároco da freguesia de S.Tiago.

O ilustre e virtuoso sacerdote adoecera há seis dias com uma pneumonia, tendo-se o seu estado de saúde agravado na segunda-feira. Anteontem recebera a visita de Sua Eminência o Senhor Cardeal Patriarca, que se deslocou dos Olivais, propositadamente para aquele fim.

Deixa o venerando sacerdote intensa obra de apostolado realizada, não só na freguesia de que há cinco anos era pároco, mas também na sua terra -Sardoal - e noutras localidades.

Extremamente bondoso, a todos acolhia com afabilidade.

Em cada um dos seus paroquianos e conterrâneos contava um amigo sincero e dedicado.

Os anos não lhe pesavam, não lhe impediam de exercer o seu munus sacerdotal. Trabalhou arduamente - pode dizer-se - até ao fim. O desenvolvimento e florescimento das irmandades e outras obras da sua paróquia atestam bem a justiça das nossas palavras.

À obra da catequese dedicava o seu maior carinho e atenção. Amava as crianças e procurava ampará-las para que as suas almas não se perdessem no contacto com as misérias do mundo.

Os pequeninos paroquianos eram a sua mais viva preocupação.

Ainda não há dois meses que ele comemorava, com que alegria, o 60º aniversário da sua missa nova.

Os sardoalenses rodeavam-no, sempre que ele ia à sua terra natal, de atenções e carinhos. (Segue-se uma pequena biografia que nada adianta à atrás apresentamos)

(...) Em casa do ilustre finado já ontem foi rezada missa de corpo presente e hoje será também celebrado o Santo Sacrifício por sua alma na igreja de S.Tiago e na Sé Patriarcal, com ofícios solenes.

A missa naquela igreja é às 9 horas e na Sé, às 10,30. O funeral sairá deste templo às 12 horas para o cemitério do Alto de S.João.

O seu corpo ficará, por determinação do finado, em campa rasa.

À ilustre família enlutada e especialmente ao sr. Dr. Armando Mora, advogado no Cartaxo, renovam as “Novidades” cumprimentos de condolências.

SARDOAL, 26 - A notícia da morte do rev. Dr. João Sequeira Mora, grande benemérito desta terra e nosso dedicado conterrâneo causou a mais profunda emoção nesta vila -(C.)

DONA GEORGINA EMÍLIA MONTEIRO SERRÃO MORA

Faleceu ontem, inesperadamente, pelas 19 horas e meia, a Sra. D. Carlota Georgina Emília Monteiro Serrão Mora, cunhada do sr. Cónego João Henriques Sequeira Mora, que ontem também faleceu, e mãe dos srs. Emídio e Valentim Serrão Mora, funcionários públicos no Sardoal, e dr. Armando Mora, Conservador do Registo Predial e advogado no Cartaxo.

A ilustre finada, que se encontrava acidentalmente em Lisboa, onde viera por motivo do falecimento do seu cunhado, contava 81 anos de idade, era viúva e natural do Sardoal.

O funeral realiza-se hoje, pelas 10 horas e meia, da igreja de S.Tiago, para o cemitério do Alto de S.João.

A toda a distinta família enlutada, agora surpreendida por mais um triste acontecimento, as “Novidades” apresentam a expressão do seu maior pesar.

Jornal “O SÉCULO” - Quinta-Feira, 26 de Fevereiro de 1942

NA MESMA CASA FALECERAM ONTEM O SR. CÓNEGO DR. SEQUEIRA MORA E UMA VELHINHA, SUA CUNHADA

Faleceu ontem de madrugada na sua residência, na rua do Limoeiro, 32 -2º, o sr. Cónego dr. João Henriques Sequeira Mora, de 82 anos, natural do Sardoal. Muito inteligente e estudioso, o extinto formou-se em Teologia e Direito, na Universidade de Coimbra, de cuja capela foi chantre.

Depois de ter sido professor em Lamego, exerceu também o magistério durante 27 anos, no Seminário de Santarém, ao mesmo tempo que advogava. Entre as muitas causas que defendeu com o calor que lhe dava a sua dupla qualidade de padre e advogado, destaca-se a de um sacerdote de Vila Franca de Xira, que era acusado de homicídio. Eleito deputado nas últimas eleições da Monarquia, não chegou a tomar assento na Câmara, findando assim, logo no começo, a sua intervenção política. Depois da sua nomeação para cónego da Sé de Lisboa, onde teve a dignidade de mestre de escola, a mais antiga, o sr. Cónego dr. Sequeira Mora veio residir para a capital, entregando-se de alma e coração só ao «munus» sacerdotal. Já com avançada idade foi nomeado prior da freguesia de Santiago e com tanto zelo e dedicação se houve no exercício desse cargo que os seus paroquianos festejaram com várias comemorações o 60º aniversário da sua ordenação sacerdotal e a respectiva Junta de Freguesia, bem como a sua escola, hastearam agora a bandeira nacional a meia adriça.

Também na terra de naturalidade do sr. Cónego dr. Sequeira Mora, em cuja igreja cantou a primeira missa, as bodas de prata, ouro e diamante do bondoso sacerdote foram comemoradas com manifestações de alegria dos seus conterrâneos a que se associou a Câmara Municipal com uma sessão solene nos Paços do Concelho.

O funeral, a cargo da agencia Gil, da rua do Limoeiro, 19, realiza-se hoje, às 12 horas, depois de missa de corpo presente, às 9, na igreja de Santiago e exéquias solenes, às 11, na Sé, para o cemitério do Alto de S.João.

Poucas horas depois do passamento do sr. Cónego Sequeira Mora, faleceu na mesma casa a sua cunhada Sra. D. Carlota Georgina Emília Monteiro Serrão Mora, de 81 anos, viúva de Valentim Aires de Sequeira Mora e mãe dos srs. Dr. Armando Mora, conservador do Registo Predial e advogado, no Cartaxo, e Emídio e Valentim Serrão Mora, funcionários públicos no Sardoal. A virtuosa senhora que se encontrava de visita ao seu cunhado, não chegou a ter conhecimento da morte deste. O seu funeral, também a cargo da agência Gil, efectua-se amanhã, às 10 e 30, da igreja de Santiago para o cemitério oriental.